Teremos uma nova coluna aqui no Blog Correr e Vencer, “Gente como a gente” – Você tem alguma história de superação junto com a corrida? Então envie para correrevencer@gmail.com.
E para estrear este novo espaço, convidei o André Neves, ele tem 36 anos, é Administrador de empresas, especializado em RH e seu Instagram é @andre_n_andrade, lá você se inspirará com os seus posts de treinos.
Conheçam a história dele e inspirem-se ^^
“Minha história não é tão bonita, afinal de contas, a vida é como a rosa, dotada de beleza mas também de espinhos. Sou paulistano, da Zona Leste. Tenho 36 anos, destes apenas os 8 primeiros vividos na capital.
Foi em São Paulo que minha paixão por esporte começou, já na primeira infância.
Morador do Tatuapé, frequentava o Sport Club Corinthians toda semana, para prática de judô e natação. A paixão por futebol foi crescendo e, como todo menino de 5 ou 6 anos, também o desejo de se tornar um jogador no futuro.
Porém, em 1987 esse sonho ficou distante pois me mudei para o interior com minha família.
A prática de esporte continuou, claro, na escola e aos fins de semana. Nos anos 80 e 90 ainda não existia smartphones, tablets, TV a cabo, internet, enfim toda essa tecnologia que atualmente prendem as crianças e adolescentes em casa.
Foi na escola que descobri que tinha porte e chance no atletismo, quando uma vez fiz 100 metros em menos de 11 segundos.
Eu sempre fui magro. Durante 10 anos (dos 15 aos 25) pesei 58kg. Meu problema até então não era emagrecer. Tinha o hábito de andar muito, fazer tudo a pé . Inclusive quando eu perdia o ônibus da escola, ia ou voltava os 3km de distância em relação a minha casa andando. Muitos desses quilômetros foram no calor e na terra batida (depois de alguns anos asfalto).
Acho que isso foi o início de tudo. O treinamento, mesmo que inconscientemente, ficou registrado no meu cérebro e foi assimilado pelo meu corpo. Tanto que conservo este hábito até hoje.
Quando eu vi Forrest Gump pela primeira vez (1995) fiquei pensando: Quem sairia pra correr de repente sem parar? Só um maluco! Confesso, fiquei com vontade de fazer aquela loucura. Cheguei até a fazer o mesmo corte de cabelo do personagem pra ver se surgia inspiração. Porém, o vício pelo futebol me impedia e me afastava de outras práticas esportivas.
A corrida entrou na minha vida pra valer mesmo em 2014, após alguns anos de sedentarismo. Nem tanto por desejo ou prazer, muito mais por necessidade. Tive problemas de saúde como sobrepeso, colesterol, baixa auto-estima, síndrome do pânico e depressão.
O primeiro estalo de que eu tinha que fazer alguma coisa, algo diferente, motivador, veio logo após eu sofrer um grave acidente automobilístico, ainda quando eu morava no nordeste, em outubro de 2011.
Engraçado né, só percebi que a vida tinha muito mais a me oferecer após quase perdê-la. Porém, a decisão de mudar meu estilo de vida pra valer começou em uma viagem que fiz ao Peru, em outubro de 2013. Foi lá, em Machu Picchu, com dificuldades já impostas pela altitude, que sofri para subir escadas e as montanhas. Mesmo com 1,90 de altura, era notório que meus quase 100 kg estavam mal distribuídos pelo corpo. A partir daquele dia, resolvi cortar algumas coisas como doces, frituras e refrigerantes. E aumentar o consumo de carne branca, legumes e verduras.
Após a reeducação alimentar, me senti mais disposto e desafiado pelo meu próprio corpo, mais leve, a desempenhar algo também importante: a atividade física.
Aquelas caminhadas de 3km voltaram a fazer parte da minha rotina diária em abril. Estava preparando meu corpo para o futuro.
Em setembro de 2014, cinco meses depois e 10 kg a menos, fiz minha primeira prova: Corrida Integração 6km em Campinas, prova tradicional do interior, organizada pela EPTV Globo. Fui com a cara e a coragem, sozinho, sem amigos, sem treinador, sem saber como era. A única vantagem que eu tinha era conhecer o local do percurso.
Apesar do frio na barriga, tudo saiu como eu queria e consegui cruzar a linha de chegada. Cheguei em casa empolgado e logo já fui atrás do calendário para me inscrever para os próximos eventos.
Ainda eufórico, fui sozinho correr mais uma prova no mês seguinte, mesmo local e terminando com a surpreendente 3ª colocação na faixa etária!
Com apenas 3 meses, eu já estava pulando para 10km, correndo pelas ruas de São Paulo, desta vez com mais emoção por estar na minha cidade natal. Lá senti o verdadeiro clima da corrida, inclusive desvirtualizei amigos que havia conhecido nas redes sociais.
O maior desafio de 2015 seria a primeira corrida fora do estado. Uma viagem para o Rio de Janeiro estava programada desde o início do ano. Era um prêmio que eu resolvi dar a mim mesmo pelo ótimo ano que eu tive.
No sábado pela manhã, ao ir buscar meu kit da corrida, descobri que meu pagamento não tinha sido efetuado. Ao invés de ficar triste, falei a verdade. Que estava participando de muitas provas esse mês e que provavelmente havia esquecido de pagar o boleto. Também falei que eu era de longe, de outro estado, e que tinha como comprovar que havia viajado de Campinas ao Rio.
Além disso, que havia trabalhado durante 14 anos na empresa que promove e patrocina o evento (Bradesco) e que colaborava com a divulgação desta e de outras ações. Por ter sido sincero e honesto, ganhei o direito de participar da prova.
Porém, horas depois, minha namorada e eu fomos roubados na praia e tivemos pertences como celular, dinheiro e documentos levados. Perdemos parte do passeio na delegacia…
Mesmo assim, continuei minha jornada. Visitei o Cristo Redentor, subindo degrau por degrau.
Agradeci por estar com saúde e feliz durante todo o ano. Perto do anoitecer, relaxei na piscina e na sauna.
E, no domingo pela manhã, acordei com disposição e confiança para fazer minha melhor corrida até então. (O meu Recorde nos 5km feito nessa prova ainda permanece em pé).
Viria um desafio maior… Bem que me disseram que corredor é tudo maluco. No mesmo mês, eu fiz 4 provas consecutivas. E naquela euforia, fiz minha inscrição para a Meia Maratona Internacional de São Paulo, que seria realizada em março de 2015.
Como pode? Eu nunca tinha treinado e corrido distância superior à 10km. E teria ‘apenas’ 6 meses como corredor. Como ‘agravante’, estava com viagem marcada para Nova Iorque, onde eu ficaria até o final de fevereiro.
Imagina só, um brasileiro naquele inverno que prometia ser rigoroso (e foi!) e regressando uma semana antes da prova!?
Passar uma pequena temporada fora do seu país, convivendo com outra cultura, com diferenças na gastronomia e no clima.
Isto tudo poderia interferir no resultado caso não fosse tudo muito bem planejado. A alimentação era muito diferente, até porque o inverno norte americano exige que você consuma certos alimentos para acúmulo de gordura e manutenção da temperatura do corpo. Quanto a isso não tive problema.
O problema mesmo foi treinar. Foi correr. Me recusei a ir pra treinamento indoor, pois a esteira não simula em nada os imprevistos de uma prova, como buracos, piso irregular, alternâncias de trajeto, subidas, chuva, frio, etc.
E foi graças a coragem de ir correr 10km no Central Park abaixo de -7ºC que eu consegui no dia 01/03 completar a minha primeira meia maratona em 1h56.
Foi preciso muita disciplina para manter não só o peso (na casa dos 70kg) mas também o foco.
Sinto que meu rendimento melhora a cada dia. Inclusive a corrida me ajudou a controlar questões comportamentais como impaciência e ansiedade.
Não foi fácil ficar meses sem competir, devido à viagem e depois graças à uma contusão no joelho direito. Mas a corrida nos leva à outro mundo, outra dimensão. Faz com que conheçamos nossos verdadeiros limites.
É uma grande terapia, além de uma grande ferramenta de autoconhecimento!
Seu corpo e sua mente nunca mais serão os mesmos depois da corrida! Se quiser comprovar, vem comigo!!!”
Viu como a corrida é algo maravilhoso? Que tal iniciar o quanto antes esse esporte maravilhoso ^^
Corra atrás de seus objetivos, de suas metas, de seus sonhos e faça acontecer! #correrevencer.